segunda-feira, 10 de junho de 2013

Estão a dizimar tubarões da costa moçambicana para uso exclusivo chinês! Onde está o governo? Onde está a Sociedade Civil? Onde estão os moçambicanos?

 Escrevo estas palavras porque como cidadã consciente, preocupada com o meio ambiente, com a natureza, não consigo deixar passar este momento para partilhar as minhas preocupações:
Em primeiro lugar quero frisar que não sou nenhuma especialista em biologia, em ambiente, na verdade sou uma leiga na matéria, mas acredito que não preciso de ser nenhuma especialista para reflectir sobre este assunto.

O Olho do Cidadão, o Museu de Historia Natural e o CTV na passada semana organizaram um documentário/debate sobre o tema Caça ilegal de tubarões, apresentando o documentário “Shiver” elaborado por Carlos Macuacua e posteriormente um debate presidido pelo próprio Carlos Macuacua, o nosso convidado especial, que se deslocou propositadamente de Inhambane para estar presente neste debate.

Devo confessar que não sabia bem o conteúdo do documentário, sabendo só de antemão que estavam a matar tubarões para fazer sopa para os chineses. Estava deveras curiosa para ver o documentário e ouvir o especialista que elaborou o mesmo a falar sobre esta problemática.

O que vi foi devastador, assustador, triste, deprimente…! O documentário descrevia a realidade que se vive no nosso pais, em particular em Inhambane, e não só, relativamente à caça ilegal, melhor, legal, uma vez que não é crime caçar-se tubarões, demonstrando uma matança arrepiante de tubarões para a venda específica das suas barbatanas aos Chineses, que as compram para fazer uma sopa, que na China é muito cara e demonstra para quem a compra, o seu status, o seu poder económico. 


O mais interessante, é que o documentário demonstra de forma muito clara que a caça de tubarões por parte das comunidades locais é obviamente feita para venda das barbatanas dos tubarões ao invés de o fazerem para consumo próprio, uma vez que segundo o documentário a carne de tubarão, para além de ser barata, não é tão saborosa, e o mais preocupante, quando consumida em excesso é tóxica. Portanto, para sobrevivência não é, para venda não é, uma vez que a sua carne é extremamente barata, mas sim, para venda aos chineses, para uso culinário!

Por outro lado, uma vez mais, de forma muito sábia, o realizador após expor os factos reais, demonstra que é possível ter um turismo sustentável mas protegendo os tubarões e não eliminando-os, exemplificando com os casos de Durban e Cape Town, onde turistas gastam fortunas para poderem mergulhar com os tubarões, revertendo para o Ministério de Turismo sul - africano receitas acima das dezenas de milhares de dólares.
Ou seja, é possível ganhar muito dinheiro com os tubarões, mais se calhar que com a venda das barbatanas aos chineses, muito mais! O negócio de preservação de tubarões renderia ao Estado Moçambicano milhares de dólares. Em Zavala, por exemplo, já se pratica este tipo de turismo!

Para terminar esta descrição, o realizador também demonstra as dificuldades que os Estado moçambicano tem em monitorizar a costa moçambicana, tendo em conta que ela é imensa, e muitos barcos entram na mesma para pescar sem autorização, usurpando aquilo que é do povo moçambicano. Gasta se muito dinheiro para se poder manter um barco num dia para fazer vistoria! E se por sua vez, essa monitoria diária acontece sem ser detectada nenhuma infracção torna se um prejuízo para o estado moçambicano.
Agora, o que mais me preocupa: com a eliminação galopante de tubarões, está se a provocar um extremo desequilíbrio do ecossistema, uma vez que ao matar tubarões, eles deixam de poder eliminar outras espécies marinhas, que só devem existir em quantidades normais. Ou seja, os tubarões também servem para equilibrar o ecossistema!

O que está a acontecer, e não havendo tubarões, essas espécies vão crescer e propagar-se, aumentando e desta forma prejudicam eventualmente outras espécies!

Conclusão:
Está-se a matar quantidades avolumadas de tubarões diariamente na nossa costa!
Essa matança é feita porque os chineses assim o ordenam!
Algum ou alguns moçambicanos, com influência, devem estar a ganhar com isso! Alguém com poder?

Esta-se a desequilibrar o ecossistema!

terça-feira, 4 de junho de 2013

A Democracia, o Estado de Direito, a Liberdade de Expressão saíram ontem para as ruas de Maputo!









Foi com extrema emoção que ontem me dirigi para a Associação dos Médicos Moçambicanos, ao lado do Misau, conforme estava estipulado no email da convocatória para a participação na Marcha silenciosa a favor da Saúde. Na verdade, quando ontem recebi o email do Gabinfo AMM convidando para participar na mesma, fiquei deveras preocupada e com imensas dúvidas da minha efectiva participação.
O historial de manifestações em Moçambique não é de todo positivo, pelo contrário é bem violento, com a presença em excesso da Policia, actos violentos por parte destes, intimidação, lançamento de gás lacrimogéneo, a FIR muito presente para marcar quem faz parte destes processos, enfim, tudo adjectivos que não convidavam o cidadão comum a fazer parte desta marcha.
No entanto, o meu dever cívico, o meu sangue de bloguista, a minha vontade de querer informar, de querer dar o meu contributo a uma classe trabalhadora que está a lutar pelos seus direitos, a vontade de fazer parte de um processo democrático, consagrado na Constituição da Republica, a expressão do Estado de Direito, ou seja, o direito que os cidadãos moçambicanos tem de se manifestar, lá fui eu com algum medo á mistura.
O que vi assim que cheguei, ás 8h da manhã as imediações da AMM foi assustador: policia em peso, cães ameaçadores, um blindado da policia enorme, que graciosamente se passeou no local como forma de intimidar os presentes. Por outro lado, a presença massiva de jornalistas, da Televisão, de fotógrafos, jornalistas nacionais, internacionais, ver um Fernando Veloso presente com o povo, acalmou o meu medo e insegurança. Pelo contrário, percebi que ali era o meu lugar!
Como forma de fazer dissuadir os presentes para a marcha, em vez de iniciarmos as 8h conforme combinado, só as 10h 30 nos foi autorizado pela polícia inicia-la, uma vez que o percurso pela AMM escolhido poderia colocar em causa a segurança de Edifícios Públicos.
No entanto, devo confessar, que apesar da intimidação inicial por parte da Policia, a Policia de Transito agiu de forma exemplar, quando nos dirigimos para a Praça da Paz, velando por nós, protegendo-nos, e extremamente gentis.
Gostaria de salientar, de frisar que a marcha foi extremamente pacífica, com os presentes de boca literalmente selada por fita-cola, carregando um prato de plástico, para simbolicamente demonstrar a fome que passam, as privações que passam. O apoio dos automobilistas quando por eles passávamos era grande, o povo nas ruas incentivavam os profissionais de Saude a continuar com a greve, proferindo palavras como: O povo esta convosco! Continuem, lutem pelos vossos direitos!
O meu objectivo ao escrever estas palavras é essencialmente dizer que se nos deixarmos levar pelo medo, pelas ameaças, pela intimidação, não conseguimos fazer nada, não conseguimos mudar nada. Jovens na sua essência faziam parte desta marcha, estudantes, que estavam ali todos juntos pela mesma causa: defender os direitos de profissionais de saúde, sejam eles médicos, enfermeiros, serventes, o que for. Apesar do medo das represálias, estávamos todos juntos, unidos, e a contribuir com a nossa cidadania de forma activa e não passiva.
A minha causa é poder apoiar os médicos, os professores, até a própria policia, as diversas classes trabalhadoras que neste Pais não são dignificadas, classes essas que são essenciais para o desenvolvimento saudável de um País. Sem bons professores, não conseguimos formar bons estudantes, sem médicos a trabalhar em pleno temos doentes mal atendidos, temos uma Saude débil, doente, sem policias bem pagos, vivemos uma realidade assustadora, cheia de policias corruptos, intimidadores, que deixam de servir os cidadãos para servir os seus próprios interesses, e como eles temos todos os restantes trabalhadores públicos, que se corrompem constantemente, impedindo a criança de se matricular na escola, porque não tem 50 meticais para subornar o funcionário, apesar do ensino ser gratuito, temos o funcionário publico que não deixa o menino doente entrar no hospital porque não tem dinheiro para o subornar e ser atendido de imediato, e por ai fora…!
Para terminar, devo confessar que fico triste por não ter visto a sociedade civil em peso nesta marcha, sociedade civil essa que é paga para lutar por uma sociedade mais justa, por um pais mais justo, mas que na hora de dar o seu contributo se mantém atrás do conforto das suas secretarias…com medo… Nota zero para a sociedade civil!
 Quanto aos moçambicanos, ao cidadão comum, um bem-haja para vós, pois cumpriste o vosso dever de apoiar uma causa que não é de alguns, mas sim de todo o povo moçambicano.
Viva o povo moçambicano!
Viva a Democracia!
Viva o Estado de Direito!
Viva a Liberdade de expressão!
Viva os profissionais de Saude!
É possível termos um País democrático, com indicadores democráticos e de Boa Governação respeitados como a Capacidade de influenciar a formulação das políticas públicas, Abertura do governo às demandas da população, Transparência com que o governo trata dos assuntos públicos, a participação dos cidadãos no processo político, Responsabilidade Prestação de contas.
Estamos juntos!
Abre o Olho!!!