Escrevo estas
palavras porque como cidadã consciente, preocupada com o meio ambiente, com a
natureza, não consigo deixar passar este momento para partilhar as minhas
preocupações:
Em primeiro
lugar quero frisar que não sou nenhuma especialista em biologia, em ambiente,
na verdade sou uma leiga na matéria, mas acredito que não preciso de ser
nenhuma especialista para reflectir sobre este assunto.
O Olho do
Cidadão, o Museu de Historia Natural e o CTV na passada semana organizaram um documentário/debate
sobre o tema Caça ilegal de tubarões, apresentando o documentário “Shiver” elaborado por Carlos Macuacua e posteriormente um
debate presidido pelo próprio Carlos Macuacua, o nosso convidado especial, que
se deslocou propositadamente de Inhambane para estar presente neste debate.
Devo confessar
que não sabia bem o conteúdo do documentário, sabendo só de antemão que estavam
a matar tubarões para fazer sopa para os chineses. Estava deveras curiosa para
ver o documentário e ouvir o especialista que elaborou o mesmo a falar sobre
esta problemática.
O que vi foi
devastador, assustador, triste, deprimente…! O documentário descrevia a
realidade que se vive no nosso pais, em particular em Inhambane, e não só,
relativamente à caça ilegal, melhor, legal, uma vez que não é crime caçar-se
tubarões, demonstrando uma matança arrepiante de tubarões para a venda específica
das suas barbatanas aos Chineses, que as compram para fazer uma sopa, que na
China é muito cara e demonstra para quem a compra, o seu status, o seu poder
económico.
O mais
interessante, é que o documentário demonstra de forma muito clara que a caça de
tubarões por parte das comunidades locais é obviamente feita para venda das
barbatanas dos tubarões ao invés de o fazerem para consumo próprio, uma vez que
segundo o documentário a carne de tubarão, para além de ser barata, não é tão
saborosa, e o mais preocupante, quando consumida em excesso é tóxica. Portanto,
para sobrevivência não é, para venda não é, uma vez que a sua carne é
extremamente barata, mas sim, para venda aos chineses, para uso culinário!
Por outro lado,
uma vez mais, de forma muito sábia, o realizador após expor os factos reais,
demonstra que é possível ter um turismo sustentável mas protegendo os tubarões
e não eliminando-os, exemplificando com os casos de Durban e Cape Town, onde turistas
gastam fortunas para poderem mergulhar com os tubarões, revertendo para o
Ministério de Turismo sul - africano receitas acima das dezenas de milhares de
dólares.
Ou seja, é
possível ganhar muito dinheiro com os tubarões, mais se calhar que com a venda
das barbatanas aos chineses, muito mais! O negócio de preservação de tubarões
renderia ao Estado Moçambicano milhares de dólares. Em Zavala, por exemplo, já
se pratica este tipo de turismo!
Para terminar
esta descrição, o realizador também demonstra as dificuldades que os Estado
moçambicano tem em monitorizar a costa moçambicana, tendo em conta que ela é
imensa, e muitos barcos entram na mesma para pescar sem autorização, usurpando
aquilo que é do povo moçambicano. Gasta se muito dinheiro para se poder manter
um barco num dia para fazer vistoria! E se por sua vez, essa monitoria diária acontece
sem ser detectada nenhuma infracção torna se um prejuízo para o estado moçambicano.
Agora, o que
mais me preocupa: com a eliminação galopante de tubarões, está se a provocar um
extremo desequilíbrio do ecossistema, uma vez que ao matar tubarões, eles
deixam de poder eliminar outras espécies marinhas, que só devem existir em
quantidades normais. Ou seja, os tubarões também servem para equilibrar o ecossistema!
O que está a
acontecer, e não havendo tubarões, essas espécies vão crescer e propagar-se, aumentando
e desta forma prejudicam eventualmente outras espécies!
Conclusão:
Está-se a matar
quantidades avolumadas de tubarões diariamente na nossa costa!
Essa matança é
feita porque os chineses assim o ordenam!
Algum ou alguns moçambicanos,
com influência, devem estar a ganhar com isso! Alguém com poder?
Esta-se a
desequilibrar o ecossistema!